domingo, 29 de novembro de 2009

A independência do Brasil e a Defesa Nacional

7 de Setembro de 2009 - 2h04

Questões recentes e relevantes do ponto de vista estratégico – como os problemas financeiros decorrentes da 3ª maior crise econômica da história do capitalismo, a discussão energética advinda das gigantescas descobertas das reservas petrolíferas do pré-sal, o debate em torno do meio ambiente (especialmente na Amazônia brasileira), as novas perspectivas econômicas a partir da articulação do BRIC, o bloco composto pelo Brasil, a Federação Russa, a Índia e a China – afetam profundamente as políticas de defesa nacional do Brasil.

Nos últimos anos, o Brasil deixou de ser aquela economia cujo PIB e pauta de exportações se definiam por poucos produtos, principalmente agrícolas. Como disse o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pronunciamento à nação neste domingo, o Brasil cresceu de 2003 a 2008 num patamar médio de 4,1% ao ano, sendo que nos últimos dois anos este nível foi em torno de 5%. O país liquidou sua dívida externa e tem hoje reservas internacionais de 215 bilhões de dólares; o desemprego caiu de 11,7% em 2003, para os atuais 8%; mais de 30 milhões de brasileiros se livraram da linha da pobreza; fomos um dos últimos países a sofrer os impactos negativos da crise e estamos no caminho de nos tornarmos um dos primeiros a sair dela...

Além de possuir uma economia diversificada, que alguns analistas já colocam em perspectiva como a 5ª mais importante na próxima década, o Brasil avança em diversas áreas da fronteira do conhecimento científico e tecnológico, como na esfera da biotecnologia, da engenharia genética, da micro-eletrônica, da nanotecnologia e da cibernética. A descoberta de petróleo na camada do pré-sal, que projeta o país como uma potência energética, constitui-se conforme Lula numa “nova independência”. Por isso, o presidente conclamou o povo a se mobilizar e controlar seus parlamentares no apoio ao que pode ser “o melhor para o Brasil”.

É nesse novo quadro positivo que a nação se propõe a exercer maior protagonismo no mundo, sem abdicar de princípios como a não-intervenção e a defesa da autodeterminação dos povos. Na última reunião dos G-20, em Londres, os ministros da Fazenda do Brasil, Rússia, Índia e China assinaram declaração que afirma: Os mercados emergentes “ajudaram a economia mundial a absorver o impacto da deterioração do comércio, dos fluxos de crédito e da demanda”. Aproveitaram também a ocasião para defender a reforma do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, medida que os Estados Unidos e a União Européia resistem bravamente.

A posição do Brasil foi decisiva também na criação do Conselho de Defesa Sul-Americano como foro regional de coordenação e cooperação para a defesa da região. Com a reativação da Quarta frota americana e o acordo militar da Colômbia-EUA - que permite a utilização de várias bases militares na fronteira da Amazônia - a questão do reaparelhamento das Forças Armadas brasileiras passa a primeiro plano.

É neste contexto que o Brasil firma com a França - neste sete de setembro - um acordo que se pode dizer o mais importante na área militar desde o final da década de setenta. Os acordos precedentes foram com os EUA (1952) e com a Alemanha (1975), e eles jamais repassaram tecnologia envolvida na fabricação de aviões e navios militares adquiridos pelo Brasil. Isso não vai acontecer na compra dos submarinos franceses.

A data é simbólica – a comemoração dos 187 anos da emancipação política do país ocorre numa época em que se fortalecem as condições para sua independência econômica e vão sendo criadas as premissas para garantir a defesa de sua soberania, integridade territorial e de seus recursos naturais. É um passo importante, condizente com a nova posição que o país vai assumindo no cenário internacional.

(Do Portal Vermelho)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Lula diz que pré-sal é a segunda independência do Brasil e chama Petrobras de "os caras"

CIRILO JUNIOR
da Folha Online, no Rio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou o início da produção na área de Tupi, na camada pré-sal, a uma nova independência do país. Lula disse que a possibilidade de desenvolver gigantescas reservas de petróleo e gás dará ao país mais respeitabilidade nas negociações bilaterais. Para o presidente, o desenvolvimento da camada pré-sal ajudará o país a elevar a autoestima do brasileiro.

"Que a partir de hoje se conte uma nova e melhor história para esse país. O brasileiro tem que se gostar, ao longo dos anos sempre jogamos para baixo, achando que o que é de fora é melhor", afirmou, durante cerimônia em comemoração ao início da produção na camada pré-sal da bacia de Santos. "É a segunda independência do Brasil."

Lula voltou a defender mudanças nas regras do setor de petróleo, destacando que, ao mesmo tempo que o país tem "grandeza para respeitar contratos" tem também "grandeza para mudar pensando nas garantias que vamos dar para nossos filhos e netos".

Ele citou o caso do Iraque, quando governado por Saddam Hussein, que ficou com o petróleo que havia sido descoberto pela Petrobras. "Temos que plantar agora, não dá para plantar depois."

A crescente importância do Brasil no cenário internacional foi ressaltada por Lula em seu discurso. Ele lembrou que, cada vez mais, o país vem sendo chamado para as reuniões das principais nações do mundo. O presidente lembrou, no entanto, que o Brasil não pode deixar se contaminar pela "arrogância e pelo nariz empinado". "Toda vez que a gente ganha importância, tem que ficar mais humilde", disse.

Lula exaltou a Petrobras e fez críticas veladas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, lembrando a intenção do governo anterior em mudar o nome da estatal, e, segundo ele, privatizá-la. Para Lula, a Petrobras é a musa que o Brasil carrega pelo mundo como exemplo de sucesso. Acrescentou que o pré-sal dá ainda mais importância à estatal no contexto da exploração em águas profundas.

"Petrobras, vocês são os caras", afirmou, em alusão ao presidente americano Barack Obama, que disse o mesmo para Lula

Em um discurso bem-humorado, Lula lembrou que gostaria de ter ido à plataforma para presenciar a extração -- a visita foi cancelada em função de más condições do tempo. Disse que se sentia como o "marido que vai à igreja e a mulher não aparece", e presenteou o vice-presidente, José Alencar, com o barril contendo o primeiro óleo extraído de Tupi.

"É um momento histórico que precisava presenciar. É o início de uma nova era", completou.

sábado, 28 de março de 2009

Lula anuncia criação de fundo social com dinheiro do petróleo

da Efe em Viña del Mar (Chile)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou neste sábado a criação de um fundo social no Brasil com os recursos da extração de petróleo em águas do Atlântico.

"Agora que encontramos petróleo no Brasil, estamos interessados em criar um fundo de petróleo que tenha finalidade, que o petróleo seja utilizado para ajudar nossa gente, não só para queimar combustível", afirmou Lula após se reunir com o primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg.

Em 2007, a Petrobras anunciou a descoberta de uma jazida de pré-sal em águas profundas do Atlântico. A chamada camada pré-sal é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os Estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, e engloba três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos).

O petróleo encontrado nesta área está a profundidades que superam os 7 mil metros, abaixo de uma extensa camada de sal que, segundo geólogos, conservam a qualidade do petróleo.

Lula e Stoltenberg se encontraram no balneário de Viña del Mar, no Chile, onde está sendo realizada a 6ª Cúpula de Líderes Progressistas. O evento reúne quatro presidentes latino-americanos (Argentina, Chile, Brasil e Uruguai), três chefes de governo europeus (Espanha, Reino Unido e Noruega) e o vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden.

Lula citou como exemplo da iniciativa social que pretende iniciar com o petróleo brasileiro o fundo de pensão público da Noruega, que se nutre da receita da commodity e do investimento público em ações e bônus.

No final de setembro de 2008, o produto acumulava 2,12 bilhões de coroas norueguesas (US$ 321 milhões).

Sua gestão se rege por rígidas normas de ética, que proíbem os investimentos em fabricantes de armas, que violem os direitos humanos, estejam envolvidos em fatos de corrupção ou tenham causado danos graves ao meio ambiente.

"A Noruega tem enormes contribuições para o desenvolvimento do Brasil", disse Lula, que destacou "as experiências de políticas econômicas e sociais" do país europeu. "Estou convencido de que, daqui em diante, a relação com a Noruega vai melhorar muito mais; somos parceiros em muitas coisas, e vamos continuar sendo."

"Diante da crise, gostamos de nos juntar às pessoas que têm pensamentos mais ou menos semelhantes para construir alternativas e propostas que possam significar novos mecanismos de financiamento para um mundo novo", destacou.